Faculdade de Filosofia Cristã
A Fé Cristã é de uma riqueza imensurável. Aqui você encontrará a a finesse do Pensamento Cristão, tomando o Evangelho de João como norte para nossa compreensão da Revelação do Verbo de Deus.
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
terça-feira, 29 de agosto de 2017
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segunda-feira, 12 de junho de 2017
sexta-feira, 2 de junho de 2017
quinta-feira, 18 de maio de 2017
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Relação entre o λόγος e πάντα ῥεῖ de Heráclito
No princípio era
o Logos, o Logos estava perante Deus e Deus era o Logos.
O termo grego “logos”
traduz o conceito de “Palavra de Deus”, muito importante para o Antigo
Testamento. Ele ensina que houve uma emanação do Poder de Deus, até a chegada
do Novo Testamento, quando o próprio Deus se revela em Cristo. Para entendermos
a importância desta revelação e nos transportarmos do âmbito religioso ao
espiritual, devemos ir à gênese do conceito de logos. De onde vem tal doutrina sobre o poder da Palavra de Deus?
Indo aos Salmos, encontramos o poeta dizendo:
Inclinar-me-ei
para o teu santo templo, e louvarei o
teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade; pois engrandeceste a tua
palavra acima de todo o teu nome. Salmos 138:2
A Palavra que Deus exaltou acima de todo o nome é o Logos, e isto nos remonta às origens do
termo grego, até as comunidades helênicas, entre os quais se popularizou a “doutrina do logos universal”, passando pelos
cantos de Homero (sec. VIII A.C.), às especulações de Anaximandro (609 – 546 A.C.)
e de Anaxímenes (585 – 528 A.C.) até às provocações de Heráclito (540 – 470 A.C.).
Em Heráclito o conceito sofre uma revolução, pois deixa seu uso comum para
ganhar status filosófico. A partir dele, logos
é entendido como o conjunto da realidade em sua totalidade. Como visto
anteriormente, o logos heracliano tem
origem na arché da teogonia de
Hesíodo. Tudo se inicia com o Caos, a
desordem. Em seguida surge a noção de ápeiron,
(a infinitude) e do pneuma (o
espírito), que vem do infinito e volta a ele, embasando a doutrina do panta rei.
Tales de Mileto |
É como o passageiro na estação Sé do metrô paulistano às seis da tarde. Enquanto o transporte não chega todos se contém, para não cair na linha. Mas à chegada da composição, a turba avança e arrasta consigo todos os circunstantes. Não há voluntarismo individual. Prevalece a força da multidão. Qualquer resistência é anulada ante o ímpeto do mar humano.
Heráclito ensina que caos
(desordem), kósmos (mundo), ápeiron (infinito) e pneuma (espírito) formam um conjunto de
fatores que impulsionam tudo de tal maneira à mudança e as coisas são mudadas
obrigatoriamente de um estado a outro, involuntariamente. Há empurrões e
empuxes. Não há lugar para voluntarismos particulares. Ele concebe o logos em conjunto com o espírito
infinito, empurrando o ser e o não ser de um estado a outro. É neste caudal que
surge a noção de Nous (mente), para
fazer uma conjugação entre o ápeiron
e o pneuma. A mente é impulsionada
pelo fulgor do infinito junto com o espírito, conjugando-se para impulsionar o
elã da existência e o fulgor da vida. A vida é algo que fulgura, faísca, toca
fogo. Ela não é um sopro que se apaga, uma brisa amena. A vida é animada com as
competências do pneuma e impulsiona
tudo à frente, se recusando a ficar inerte e estatizada, pois a falta de
movimento é morte.
O pensamento de Heráclito está em fluxo contínuo e não
encontra elenco para se expressar nem auditório para aplaudir. Mas o que
consegue traduzir em metáforas é o suficiente para colocar a filosofia a
trabalhar por milênios: tudo flui – panta
rei. Nada é permanente, a não a ser a
mudança. O kósmos está impulsionado pelo
elã da vida e do espírito que vem e vai ao infinito, levando com ele tudo o que
apanhou no kósmos. Mas o pneuma possui nous (mente), e é permeado pelo éter,
o princípio da eternidade, a physis
do ápeiron (infinito). Em metáfora,
seria uma linha que se estende para sempre. Tudo flui. Tudo está correndo para arché (o princípio), o destino final.
Bergson |
Obras Citadas
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5ª. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
REALE, G.;
ANTISERI, D. História da Filosofia. Antiguidade e Idade Média. 3ª. ed.
São Paulo: Paulus, v. I, 1990.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Liberdade & Religiosidade
Mulher,
onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém,
Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
Cristo não
aprisionou a mulher nem a ele mesmo. Deu-lhe liberdade para ir, livre de seus
pecados e de seus acusadores. Se, pois, o
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres! Esta é a natureza do
Espírito, diferente da religião, representada por aqueles homens que a
trouxeram para ser julgada e morta. Toda religiosidade
prende, aprisiona, apequena, acusa, aponta e pega em pedras, mas Cristo, que é
o Espírito, enfrenta os religiosos liberando-lhes a consciência para agirem
como quiserem. O impacto do Espírito contra a religiosidade os levou ao chão e tiveram que ir embora sem realizar
a lapidação pretendida. Mas para a acusada, o Logos diz: Vai!
A espiritualidade só pode ser autêntica em
estado de liberdade, para que assim possa se expressar diante do Criador sem as
amarras da religião. Sem o espírito o homem está morto e sem a liberdade o
espírito não se manifesta. Ele vem do infinito para provocar a revolução,
fluindo com tudo, como o rio de Heráclito. Você mergulha nele, mas ele não para
seu fluxo por sua causa. Ao sair dele, você está mudado, mas o espírito não.
Nas palavras de Cristo:
O vento assopra onde quer, e ouves a sua
voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é
nascido do Espírito.
Quem nascer do
espírito também será como o espírito! Irá e virá sem ninguém poder prendê-lo. Virá
do infinito ao infinito! Isto é incompreensível, como disse Origines, para quem
[o espírito] não pode ser categorizado como “infinito”, pois o infinito
não se presta a ser conhecido. Se for infinito, significa que Ele não conhece a
si mesmo. Por definição, o ápeiron se estende infinitamente à
frente da possibilidade de ser conhecido, impedindo [o espírito] de conhecer
seu fim, portanto, sendo maior que [o espírito]. Se o infinito é maior que [o
espírito], [o espírito] é finito e não pode ser [espírito]. Esta lógica de
Orígines propõe uma aporia, um
raciocínio circular que não permite ir além dele mesmo. Mas a filosofia cristã
não procurar eliminar a contradição. Muito ao contrário, faz dela o fio de
prata de sua costura teológica.
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